quarta-feira, 28 de setembro de 2016

A estrela maior 

          O Nordeste brasileiro impregnava-me a mente. Não conseguia parar de pensar no dia em que visitaria o Pelourinho, assistiria ao Olodum que sacudia o meu corpo, toda vez que os ouvia tocar na TV. Adorava axé. Tentei aprender uns passos na academia, mas o que eu gostava, mesmo, era de dançar solta, livremente, criando os meus próprios passos.
          Adorava a comida nordestina. De vez em quando, ia à feira de São Cristóvão, só para ouvir o forró, caminhar pelas lojas de redes e tapetes nordestinos e beliscar algumas guloseimas que só se encontra em centros de tradição nordestina. Adorava comprar tapioca, acarajé e baião de dois. Quando ia acompanhada, parava num dos restaurantes de rodízio de comida nordestina, só para apreciar a carne de sol, o queijo coalho e o aipim frito. Gostava, também, do vatapá e do jabá com jerimum. Muita caloria de uma vez só, mas valia à pena. Era muito raro “meter o pé na jaca”.
          Mas o que mais me impregnava a mente eram as musas baianas, verdadeiras deusas do axé brasileiro. Sonhava com elas. Acordei muitas vezes com elas na minha cama. Estava fazendo amor em meus sonhos. Gostava de todas as cantoras baianas. Achava algo de muito peculiar naquele sotaque nordestino, cada sílaba pronunciada com clareza e ritmo; adorava aquele jeito descolado e espontâneo de ser, que é próprio da Bahia, aquelas vozes mágicas e encantadoras. Era um sotaque bastante musical, eram versos cantados alegremente, como quem está muito realizado na vida afetiva. Era música que me trazia esperança e vida, além de me fazer acreditar no amor. Via-me seguindo aqueles trios elétricos no chão enquanto admirava as minhas estrelas.
          Mas havia uma estrela maior que sempre me cativara e agora, ainda mais, por sua coragem e determinação. Ela estava predestinada a ser feliz, a fazer história e a divulgar para os quatro cantos da terra que não abriria mão da verdade, do amor, doesse a quem doesse. Ela era a mãe de todas as que estavam na estrada e de todas as que estivessem por vir. Daniela, minha doce, linda e cativante Daniela Mercury. Como adorava aquela rainha! Era mãe, esposa, cantora, agente do bem, defensora das crianças, das mulheres e dos homossexuais. Pessoa de bom coração. Menina-mulher. Mulher com alma de menina. Poderosa. Gigante em todos os sentidos. Daniela era um evento, uma entidade beneficente. Um ser completo e crescente. Adorável por sua simplicidade, gigante por sua humanidade e poderosa por seu talento. Cheia de carisma e charme... Sempre amei Daniela. Amo, ainda mais, por ver que encontrou a sua metade. De duas formaram uma. Ambas fortes, destemidas, determinadas e românticas. Uma extrovertida e outra tímida formando uma dupla imbatível. Amo Malu, por fazer a minha estrela maior uma mulher mais bonita, mais realizada e mais feliz ainda.
          Sou grata porque o Brasil, também, dá coisa boa. Gigante pela própria natureza gera pessoas adoráveis como tu. Terra gentil, fecunda, dá à luz estrelas reluzentes como numa noite de luar, estrelas que brilham mais que o sol ao meio-dia.
          Brilha Daniela, mostra ao mundo o que é nosso! Mostra ao mundo que tens luz própria! Mostra a nossa maior riqueza: a nossa gente, o nosso povo! Sinto tesão só de saber que tenho você como referência artística brasileira. Gozo de poder curtir o teu som com letras que me inebriam de tanto prazer.

Katia Viula

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